Cálculos "inaceitáveis", "mesquinhos"...: revolta no campo presidencial após declarações de Retailleau decretando o fim do macronismo

"Não acredito no princípio do "ao mesmo tempo", postulado de Emmanuel Macron, que se diz de direita e de esquerda, "porque isso alimenta a impotência", acrescenta o presidente da LR, nesta entrevista.
O ministro, que se encontrará com o Presidente da República no Palácio do Eliseu na quinta-feira, reiterou que sua presença na coalizão governamental de direita e centro "não é um endosso ao macronismo", mas sim motivada pelo "interesse geral" e por sua recusa em permitir que "a esquerda melenchonizada chegue ao poder". Em nome de uma "direita útil, mas não dócil", ele explicou que participa do governo de François Bayrou não "para ser uma figura decorativa", mas "para fazer valer todo o peso de suas convicções de direita".
A França Insubmissa é "a pior ameaça política" em comparação com o Rally Nacional, acredita o ministro, que frequentemente se inclina para as propostas soberanas do RN.
Por isso, ele pede a manutenção de "um cordão sanitário" nas eleições municipais de março de 2026 contra o movimento de Jean-Luc Mélenchon e acredita que a direita deve estar "no centro do mais amplo batalhão de choque possível". "Não podemos vencer sozinhos", afirma, sem dizer se quer se aliar ao RN.
Emmanuel Macron havia chamado François Bayrou e Bruno Retailleau à ordem no início de julho, quando este último se manifestou a favor do fim dos subsídios às energias renováveis, provocando a ira de sua colega do Renaissance de la Transition écologique, Agnès Pannier-Runacher. Os ministros "devem cuidar das políticas que estão adotando", afirmou o chefe de Estado, pedindo ao primeiro-ministro que "disciplinasse as palavras" de seu governo.
Uma recomendação que não foi realmente ouvida na terça-feira à noite, dada a repercussão que causou.
Em resposta, a ministra da Educação do Renascimento, Elisabeth Borne, acusou o chefe da Place Beauvau, na rede X, de "tentar dividir o núcleo comum" e, assim, "enfraquecer as barreiras contra os extremos". "Agir em conjunto exige respeito mútuo", acrescentou a ex-primeira-ministra, afirmando que o macronismo era "uma ideologia E um partido político".
Agnès Pannier-Runacher também se manifestou em defesa do "macronismo", "a escolha da ação diante do populismo, da unidade diante da divisão. É isso que mantém o país unido durante as crises", insistiu.
“Divisão”, “pequenos cálculos políticos”O partido Renascimento, na mesma rede social, considerou as declarações do Sr. Retailleau "inaceitáveis", embora ele seja ministro de um "governo de coalizão". Isso, aos olhos do movimento, lhe confere "uma responsabilidade particularmente pesada, que não tolera provocações nem cálculos políticos mesquinhos". "O tempo gasto dividindo e alimentando essas controvérsias é tempo perdido agindo a serviço do povo francês", insiste o movimento presidencial.
"O macronismo não vai parar. Nem hoje, nem daqui a dois anos, nem depois. […] Ninguém vai apagá-lo. E cabe a nós levá-lo adiante e recuperá-lo com o Renascimento", reagiu Aurore Bergé, agora liderada pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que também é Ministra da Igualdade de Gênero.
SudOuest